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sexta-feira, outubro 03, 2014

Sangrenta Briga - Cachorros.


      
Sangrenta Briga - Cachorros: Qual o limite que pode chegar um ser humano, diante de uma situação de extrema miséria? E o que acontece com os nossos sentimentos de piedade e compaixão, que fazem nos orgulharmos de sermos considerados humanos? Esse é um dos topicos, que mais chama a atenção no livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Que destaca a miserabilidade da condição humana, diante do desespero, da falta de condições dignas, pois diante da indignidade, o ser humano se torna ainda menos digno. E está é a mesma impressão que se tem, lendo a notícia do jornal The New York Times, divulgada pela Folha de S.Paulo. Contando detalhes sobre as brigas de cachorros realizadas em Cabul (Afeganistão), que é uma região de extrema miséria, e nestas condições. A aposta em brigas de cachorros, estimula a imaginação de apostadores que sonham embolsar uma boa quantia, e tambem incentivam os criadores que se absolvem da culpa argumentando que os cachorros são bem tratados e alimentados.
         

Então se eles têm um bom tratamento, com boa comida e teto, o que é uma insignificante cruel e sangrenta luta. Que causa grande sofrimento, e inclusive a morte violenta de muitos cachorros, para impedir a oportunidade de obtenção de grandes lucros pelos donos dos cachorros, apostadores e tambem para divertir a plateia. Formada por milhares de pessoas, especialmente em um país tão pobre. Pois a defesa para a proliferação desta barbaridade, que eles classificam como “esporte”, é a busca de diversão em uma terra com poucas oportunidades, e tambem é uma vocação natural, herança de décadas de guerra. Então, para distrair as massas, as autoridades constituidas, não so ignoram como tambem incentivam, estes eventos sanguinarios. Bem ao estilo pão e circo, e a luta sanguinaria e mortal entre os cachorros, passa então a ser uma consequencia funesta da miseria humana.
           

E são colocados para brigar até a morte, não somente cachorros, mas tambem galos, cabras, carneiros, camelos, e estes verdadeiros teatros de barbarie, são realizados no minimo duas vezes por semana. Em que os atores, são inocentes e inconscientes animais, que são cruel e sanguinariamente barbarizados. Entretanto na cultura ocidental, incluindo o Brasil, que trata os cachorros como um integrante da família, a simples menção de uma cena de cachorros lutando de forma sangrenta até a morte, choca e revolta. Pois aqui no Brasil, os cachorros têm nomes, como Ted, Rex, Lulu e tantos outros, com casinha, cobertor e laço na cabeça. E a maioria das pessoas, se sentem indignados e revoltados com tamanha barbárie. Entretanto, muitos destes responsaveis por cachorros e outros animais de estimação, escolhidos para fazerem parte de nossa convivência.
            



Reservam um espaço nas suas agendas para se divertirem em rodeios, participarem de brigas de galo, torcerem na farra do boi ou bater palma para os elefantes forçados a fazer graça nos circos, mas quanta incoerencia e hipocresia. Pois em Cabul, eles pelo menos têm a desculpa da falta de diversão. E nós, com acesso a emissoras de TV do mundo todo, uma vida  com opções de lazer com teatro, cinema, esportes, livros, praias e outras paisagens maravilhosas, internet acessível. Que desculpa temos, para fazer do sofrimento dos animais a nossa diversão? Até que ponto vai a miserabilidade humana, que nos torna indignos mesmo quando podemos viver com dignidade? Até onde vai a presunção dos seres humanos, em achar que os animais são seres inferiores, e estão aqui para nos servir. Ou então que eles devam ser preservados, somente para que as gerações futuras possam velos, como se eles vive-sem em função dos interesses humanos. Entretanto independente da especie humana e seus interesses, os animais devem ter a sua integridade e sua dignidade respeitados, pelo fato de serem uma vida. E nenhum "animal" por mais sanguinario e primitivo que seja, desrespeita e despreza tanto a vida, como o proprio ser humano.

Cachorros - Melhor Raça.


          
Cachorros - Melhor Raça: É muito comum e até existe um certo ar de sedução e sofisticação na ocasião da aquisição de um cachorro pela opção de um exemplar canino dito de raça. E esta escolha não ocorre por acaso,  pois se vamos à uma livraria para pesquisar-mos sobre cachorros, os livros sempre nos orientam e induzem sobre qual é a melhor raça para se criar em apartamento, qual a melhor raça para se relacionar com crianças, qual a melhor raça de cachorros de guarda. E as figuras estampadas nos pacotes de rações para cachorros trazem sempre imagens de rottweilers, labradores, cocker spaniels ou dachshunds, ou seja, há sempre a associação com cachorros de raça, da mesma forma são elaboradas as propagandas de produtos voltados para esse mercado, que tambem sempre utilizam e relacionam cachorros de raça aos seus produtos.
               

Existe explicitamente, uma orientação e até uma indução sócio-emotiva, para que ao se adquirir um cachorro se faça a opção pelos que sejam de raça, até pelo próprio status proporcionado pelos cachorros de raça. o que tambem acaba criando um estigma que persiste de preconceito, desprestigio e desprezo pelos cachorros que não sejam de raça, os ditos vira-latas ou SRDs. Entretanto, não há uma sustentação científica para o conceito de raças caninas. Pois todos os cachorros pertencem à espécie Canis familiaris, ou como foi classificado mais recentemente Canis lupus familiaris, e todos descendem dos lobos cinzentos (Canis lupus), que foram domesticados provavelmente há 100 mil anos. E todos os cachorros, independente da "raça" são, portanto, uma subespécie dos lobos cinzentos. E dos lobos para os cachorros há uma grande diferença, pois mas 100 mil anos de seleção artificial foram suficientes para que o ser humano desenvolvesse milhares de variedades de cachorros.
               

Os primeiros critérios e requisitos adotados pelo ser humano para a seleção dos cachorros foi a caracteristica de mansidão. Pois Lobos muito agressivos eram perigosos, problematicos e difíceis de se controlar e manter, selecianava-se preferencialmente lobos com caracteristicas eminentes de maior obediência e mansidão. E pesquisadores e geneticistas observaram, que raposas quando capturadas e criadas em cativeiro, após algumas gerações de procriação seletiva e domesticação se tornavam mais mansas e desenvolviam comportamentos característicos de cachorros domésticos, comportamentos estes, que não estão presentes em raposas selvagens. Mais do que isso, algumas gerações após a domesticação essas raposas apresentar caracteristicas anatômicas como orelhas moles, focinhos mais curtos, padrões distintos de pelagem e cauda erguida. Sendo estes
              

Possivelmente os genes caracteristicos que conferem tanto aos lobos quanto as raposas uma maior mansidão. Podemos entender, por esse estudo que foi conduzido em poucas gerações, imagine então o que milhões de gerações fizeram ao lobo, possibilitando o surgimento de variedades de descendentes tão distintos quanto um chiwawa ou um dogue alemão. E ainda assim, todos são pertencentes a uma mesma espécie que é a Canis lupus familiaris. No entanto, quando consideramos geneticamente, o conceito de raças caninas genuínas não faz sentido. O que existe sim são grupos de exemplares cruzados seguidamente entre si para expressar determinadas características que lhes confere visível semelhança, e algumas vezes a propensão a determinada índole, e esta dita diferenciação racial se limita apenas a isto. Exceto devida a uma acentuada diferenciação de sua aparência externa, nada distingue uma raça canina da outra.
             

Existem, obviamente, linhagens que são maiores e linhagens que são menores, linhagens mais agitadas ou que possuem uma maior força física e agilidade que outras, inclusive todas essas características podem tambem ser encontradas em cachorros chamados “sem raça definida” ou SRD. E alguem que pretenda por qualquer motivo adquirir um cachorro não precisa consultar e pesquisar um guia de raças que garante que determinada raça apresente determinado comportamento, ou tambem optar por comprar um cachorro com pedigree em um canil devido a uma determinada "raça" proporcionar um status sócio-econômico ou por estar na moda.   Pois o que estabelece que um determinado cachorro pertence a uma determinada raça, e que um segundo cachorro pertence a uma raça diferente e que um terceiro  pertence a um grupo sem raça definida é um conceito com um critério absolutamente artificial.
             

Pois os cachorros originados de seleções e cruzamentos induzidos não se reconhecem a si mesmos como pertencentes a raças distintas, como ocorre no caso de raças surgidas de maneira natural. Desde de o inicio de sua domesticação, os cachorros foram empregados pelo ser humano em diferentes serviços (pastoreio, caça de pequenos e grandes animais, caça de aves aquáticas, farejadores, guarda, etc.). Mesmo sem conhecer os princípios e fundamentos da genética, o ser humano primitivo já sabia desde o principio , por fatores empíricos, que se cruzasse cachorros com determinadas características e aptidões teria maior chance de encontrar essas mesmas características em suas proles. E esse processo se acentuou ainda mais a partir do surgimento dos Kennel Clubs no século XIX. Desde então, cachorros já não eram cruzados somente para fornecer exemplares mais aptos para realizar determinados trabalhos.
            

Mas principalmente com o intuito de selecionar exemplares que apresenta-sem determinadas características físicas. e para conseguirem estas características, utilizavam intensivamente o endocruzamento, ou seja, o cruzamento entre irmãos, país e filhos, avôs e netos, etc, o que veio a causar diversos problemas genéticos e anomalias em seus descendentes. Os Kennel Clubs criaram o sistema de registro de raças, onde das milhares de linhagens selecionadas ao longo destes 100 mil anos de domesticação e que persistiram até os dias de hoje, entre 150 e 400 variedades são hoje reconhecidas como raças (o reconhecimento de uma determinada linhagem como raça varia de Kennel Club para Kennel Club). Os próprios cachorros Vira-latas poderiam, portanto, ser incluídos dentro de determinadas raças, ainda que não pudessem ser considerados puros, por desconhecermos sua  procedência.
            

Apenas esses fatos já servem para demonstrar que o conceito de raças caninas não é um conceito bem fundamentado. Consequências do repetido endocruzamento de cachorros, .Embora a seleção artificial remonte ao paleolítico, o conceito de raças caninas, que devem obedecer a determinados padrões, possui menos de 150 anos. Algumas raças atuais remontam a tempos bastante remotos, como é o caso do cão d´água português, que possivelmente já era criado pelos fenícios, o afghanhound, que remonta ao século III a.C., do Rottweiler, já utilizado pelos romanos e de tantos outros, no entanto essas raças, como foi dito anteriormente, formaram-se a partir de diversos exemplares distintos que expressavam determinadas aptidões e características. Não havia uma pressão para que os cachorros não se misturassem com outras linhagens e endocruzamentos praticamente não ocorriam, e quando ocorriam, eram acidentais.
             

Mesmo sem conhecer os mecanismos da genética, o ser humano sempre soube, de forma experimental, que o cruzamento entre irmãos ou entre pais e filhos criava uma prole mais frágil. Hoje sabemos que isso acontece porque com o endocruzamento aumenta a possibilidade de que genes raros recessivos se manifestem no organismo. Quando existe uma variabilidade genética, mesmo com a presença de genes raros deletérios na população, estes raramente se manifestam, porque a própria seleção natural cuida de eliminá-los. Mas quando a variabilidade genética é pequena, e os animais se cruzam apenas entre si, então surgem as anomalias e doenças. Podemos então dizer que todos os schnauzers, poodles, dachshounds, cockers, weimaraners e bulldogs são parentes entre si. Não parentes no sentido que todos os cachorros são entre si, Eles são parentes em primeiro grau, no máximo em segundo grau.
             

Pois um cachorro maltês que nasça na França é praticamente um irmão de sangue de um cachorro maltês que venha a nascer no Brasil. simplesmente porque há pouquíssimo variabilidade dentro desses grupos. E as consequências dessa baixa variabilidade genética dentro das raças caninas é a grande ocorrência de defeitos congênitos (nascimento de animais com defeitos de formação), a manifestação de doenças e a baixa longevidade. Existem mais de 500 doenças genéticas conhecidas que acometem os cachorros, sendo que todas elas são associadas à baixa variabilidade genética existente dentro das raças. Raças como os poodles apresentam diversas doenças endócrinas, tumores de mama, hidrocefalia, epilepsia e outras doenças. Cockers manifestam grande incidência de cataratas, glaucomas e doenças da retina, doenças dos rins e displasia coxo-femural.
               

Pit Bulls, Rottweilers e Pastores Alemães também apresentam maior incidência de displasia coxo-femural, e outras doenças características do Pit Bull são, a sarna demodécica, problemas de rompimento do ligamento cruzado e parvovirose. A parvovirose também incide com maior frequência nos Rottweilers, que também sofrem com de problemas relacionados ao complexo gastroentérico. E Pastores Alemães, manifestam uma maior incidência de ataxia, epilepsia, doença de Von Willebrand (problemas de coagulação), cegueiras causadas por pannus oftálmico ou queratite superficial crônica. E os Labradores são acometidos por cerca de 20 doenças genéticas, entre elas displasia coxo femoral, retinal, catarata, ausência de testículo, etc.
              

Os Dachshunds, apresentam alta incidência de artrite, além disso, sua coluna longa ocasiona em maior incidência de problemas vertebrais, hérnia de disco, sendo tambem mais propensos a desenvolver problema de cálculos renais, tumores mamários e otites. Como os animais com pernas mais curtas são mais valorizados, essa característica é selecionada pelos criadores, ocasionando em animais com pernas tão curtas que acabam arrastando a  barriga e as orelhas no chão. Entre os Yorkshires existe maior propensão à endocardiose, hidrocefalia, diversas afecções dermatológicas, musculoesqueléticas, cânceres de testículo e de hipófise, colabamento traqueal, hiperadrenocorticismo, nefropatias e afecções urinárias diversas, várias gastroenteropatias, catarata, atrofia da retina, distrofia da córnea, conjuntivite. O Pinscher, além da sarna demodécica, com frequência apresenta epilepsia, problemas cardíacos e problemas de luxação de patela (rótula), que pode até demandar uma cirurgia.
             

Além dessas doenças genéticas, há ainda outro problema relacionado ao cruzamento endogâmico, que é o favorecimento de características estéticas que resultam em comprometimento da propria qualidade de vida do cachorro. Por exemplo, o padrão de raça estabelecido para o dachshunds diz que quanto mais baixo, melhor. Então os criadores buscam produzirem cachorros que literalmente se arrastam pelo chão, pois esses são os mais valorizados. É óbvio que para o cachorro isso resulta em péssimas condições de vida, limitando e consequentemente reduzindo em muito a locomoção dos dachshunds, conhecidos popurlamente como “salsichinhas”. Cachorros da raça rhodesian ridgeback necessitam, por padrões raciais, apresentar uma faixa saliente no dorso, e para isso que são selecionados.
              

Essa faixa apenas se forma nestes cachorros como consequência de uma espinha bífida, portanto, selecionar exemplares para que apresentem essa crista nas costas é selecionar para que nasçam com esse problema. Essa crista ainda propicia que um quisto (sino dermóide) se  desenvolva entre os tecidos subcutâneos e o tecido muscular, causando infecção. Nos canis comerciais, quando um rhodesian ridgeback nasce sem esta crista, frequentemente ele é morto, pois exemplares assim comprometem a qualidade do plantel. Raças como o sharpei e o mastiff napolitano tem como padrão racial a necessidade de apresentar pregas na pele. E quanto mais pregas melhor. Ocorre que essas pregas são regiões propensas ao acúmulo de sujeira e umidade e, como consequência, ao surgimento de dermatite, seborréia e micoses.
              

Além disso, pregas demais limitam os movimentos do cachorro, comprometendo também sua visão. Muitas vezes são necessárias cirurgias para remover pregas da frente dos olhos. Adicionalmente, sharpeis apresentam problemas de tireóide, problemas de pele e pelo e mal funcionamento do fígado e dos rins, o que ocasiona em dificuldade de biotransformar e eliminar toxinas do organismo. Sharpeis também com frequência apresentam mordedura prognata, ou seja, os incisivos da arcada inferior se fecham à frente dos incisivos da arcada superior. Algumas raças de cachorros, como os bulldogs, o boxer, o pequinês e o pug apresentam mordedura prognata como padrão de sua raça. Em muitos casos o prognatismo é tão acentuado que, mesmo quando o cachorro está com a boca fechada, pode-se ver seus dentes e a sua língua.


No padrão dessas raças também há uma valorização de cachorros com cabeça curta, alta e enrugada, focinho curto, enrugado e voltado para cima, com narinas amplas, o que torna sua respiração pesada e difícil. Com frequência esses cachorros apresentam prolapso dos olhos (olhos saltados da órbita, ou caídos) e pernas tortas. Esses cachorros tem maior propensão a apresentarem problemas cardíacos, com grande incidência de cânceres, problemas articulares e epilepsia. Portanto, ao buscarmos por cachorros que obedecem a determinados padrões raciais estamos buscando pela expressão de características artificialmente selecionadas e que com frequência representam doenças e má qualidade de vida para os mesmos. Ao selecionar exemplares de acordo com suas características raciais, agimos como nazistas ou eugenistas. E estamos tambem contribuindo para toda uma cadeia de negócios inescrupulosos fundamentados na ganância e na exploração de indefesos e inocentes cachorros.






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