Cachorros - Fraturas Dentárias: A dor sentida pelo cachorro no momento da fratura é semelhante a dor provocada pela cárie profunda em seres humanos. O estímulo doloroso atinge a polpa dentária, presente no interior do dente, ou como é chamada popularmente de nervo do dente. A polpa é o tecido vivo, responsável pela nutrição, amadurecimento e sensibilidade do dente. Constitui-se de vasos sangüíneos, linfáticos, feixes nervosos e tecido conjuntivo frouxo, que compõe o Sistema Endodôntico. Todos os dentes são susceptíveis de serem fraturados, no entanto, os dentes caninos inferiores e superiores, seguidos dos quarto-pré-molares e incisivos são os que mais apresentam tal tipo de lesão. E os cachorros geralmente fraturam os seus dentes, quando roem brinquedos muito duros, ossos ou mesmo grades, brincando com freesbies e até em brigas. Outra causa são os acidentes, atropelamentos ou queda de grandes alturas. Nos casos onde o dente é fraturado ocorre uma exposição desta polpa a microorganismos e restos de alimentos que irão ocupar esse canal pulpar. E quando isso ocorre, o cachorro normalmente sentirá um desconforto, dificuldade de apreender objetos e alimentos, e ao utilizar os dentes para a mastigação, ele tambem senti-rá uma dor aguda. Porem com a extinção da polpa a dor tende a cessar e o cachorro volta a se alimentar normalmente, não sentindo mais incomodo causado por ela, e passando a impressão que esta aparentemente sadio. E este é um dos principais motivos dos responsáveis pelo cachorro não notarem que o mesmo está com um dente fraturado. E quando ocorre a fratura da coroa, a exposição do canal e a morte pulpar, as bactérias invadem o dente e podem chegar ao osso e se espalharem para todo o organismo do cachorro. Pois aquele espaço onde estava presente a polpa, o canal, agora está preenchido por tecido morto e detritos. Para as bactérias, este espaço é tudo o que elas queriam e não contentes com isso, elas tendem a se dirigir à extremidade da raiz, invadindo o osso em torno do dente, desenvolvendo uma lesão periapical (osteólise). Esta lesão progride para um abscesso, podendo formar uma fistula dentro ou fora da boca. A mais conhecida pelos Médicos Veterinários é a "Fístula do Carniceiro", que comumente surge na região infra-orbitária devido a problema endodôntico no dente carniceiro que é o 4º pré-molar superior. E quando a infecção dentária chega a este ponto, realmente é necessário a realização do tratamento do canal, deve-se lembrar que as bactérias ali presentes acabam indo para a circulação sangüinea podendo causar lesões em outros órgãos como rins, fígado e coração dos cachorros acometidos. Inclusive uma pesquisa recente demonstrou que 40% das endocardites (problema cardíaco) em humanos estão diretamente relacionados com as más condições de saúde bucal. Assim o tratamento do canal também se faz necessário para prevenir afecções sistêmicas. Estando cientes então dos malefícios que um dente fraturado e consequentemente infeccionado pode causar, concluí-se que é de fundamental importancia a realização do tratamento de um dente fraturado para eliminar o foco de infecção. O tratamento preconizado até certo tempo atrás era a extração dentária (exodontia). E é realmente uma opção, mas hoje em dia, existe a possibilidade de se realizar um tratamento endodôntico. Desta forma é possível manter o elemento dentário desempenhando suas funções de mastigação, apreensão e estética. Além disso, dependendo do dente, a cirurgia de extração é muito mais complicada e traumática, para o cachorro, que a de tratamento endodôntico. O tratamento de canal, na Odontologia Veterinária, é realizado em uma única sessão, onde o dente tem seu interior desinfetado (retira-se o material necrótico e contaminado), em seguida é preenchido com material obturador e restaurado com resina, amálgama ou prótese metálica. Isto só é possível pelo fato do procedimento ser realizado sob anestesia geral, logo, não é conveniente submeter o cachorro a várias sessões, como é feito na Odontologia Humana. Com isto, podemos considerar que a Odontologia vem se firmando dentro da Medicina Veterinária, não se resumindo a simples "limpeza de tártaro", propondo novas terapias para antigos problemas, e oferecendo e proporcionando uma melhor qualidade de vida para os cachorros.
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